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O início de tudo

A partir da necessidade de estabelecer critérios para a criação de novos cursos e avaliar a demanda local, foi realizada no dia 19 de outubro de 2010 uma visita às principais empresas do Município de Telêmaco Borba que atuam na cadeia produtiva do beneficiamento de madeira. Após uma reunião preliminar, ocorrida no IFPR – Campus Telêmaco Borba, entre os professores do eixo de Produção Cultural e Design e o Secretário Executivo do SINDIMATEL – Sindicato das Indústrias Madeireiras de Telêmaco Borba, Zaldir Dallagnol, foi possível constatar através de uma visita em campo a vocação do local em diversos setores do ciclo industrial da madeira. O município de Telêmaco Borba é constituído por inúmeras áreas de manejo florestal que atendem em primeira ordem a indústria de papel Klabin S. A., ao ponto de atualmente cerca de 97% da área do município estar plenamente ocupada, sendo que dessa, aproximadamente 90% são de áreas que ou pertencem à Klabin, ou são terceirizadas para produção de madeira para papel e celulose. Essa alta demanda por madeira certificada é restrita ao cultivo de pínus e principalmente de eucalipto e acabaram por criar áreas consideráveis de monocultura. De acordo com o Eng. Florestal Roberto Souza, e professor desta instituição, esse predomínio de modelo concentrador da terra, se coloca como um dos motivos do frágil IDH – Índice de Desenvolvimento Humano da região, em torno de 0,70, tido como um dos mais baixos do Estado do Paraná além de acumular, como conseqüência, um passivo ambiental de proporções dramáticas, com a devastação de cerca 70% da cobertura florestal, contaminação dos recursos hídricos, degradação dos solos e poluição atmosférica.

Dentre as indústrias periféricas que se apropriam dessa vocação do município, estão as de beneficiamento de madeira, que representam uma movimentação considerável da economia do Munícipio. Esse modelo de produção, porém, ainda corresponde significativamente apenas ao beneficiamento primário da madeira, anterior ao processo de secagem, ou seja, as indústrias apenas desdobram a madeira, ou em alguns casos utilizam maquinário específico para produção de um único artigo, como por exemplo, fabricação de molduras ou cabos de vassouras. Outro aspecto está no grande volume de resíduos gerados durante esse processo e que geralmente não é reutilizado, sendo inclusive parcialmente destinado à queima para produção de energia. Ainda que percentualmente esse número não pareça significativo, na prática representa uma perda relevante, uma vez que existe um alto volume de produção. A avaliação desse cenário recomenda uma ampliação de qualificação da força de trabalho disponível, sobretudo nas áreas de gerenciamento e controle dos processos produtivos, além das áreas circundantes, que atuam diretamente a partir da base da cadeia produtiva, como por exemplo: Gestão da Produção Industrial, Manutenção Industrial, Gestão da Qualidade, Processos Gerenciais, Produção Moveleira, Logística e Segurança do Trabalho. Entretanto, cabe ressaltar que a associação de uma instituição pública, caso do IFPR ao modelo de produção vigente, deve ser relativizado. O real impacto dessa lógica produtiva pode ser minimizado com geração de empregos, capacitação de mão de obra local, otimização dos recursos produzidos, inclusive o residual, porém é necessário a longo prazo buscar a reversão desse modelo  de monocultura, a partir da base do sistema produtivo, passando por toda a cadeia.

Texto | Prof. Marcelo Ambrósio, Profa. Leticia de Sá Rocha e Prof. Ivã Vinagre
Imagens | Prof. Marcelo Ambrósio

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Curso técnico em design de móveis | IFPR - Telêmaco Borba
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